7.11.06

Confusões

Konfuzoj

O céu estava escuro e frio, a chuva começava a cair no cemitério de São Zozimus.

- Sabe, você não devia ter feito aquilo com o Günna.

- Foram apenas negócios, Anja. Para negociar, a gente precisa de respeito, confiabilidade... O Günna estava passando a perna em meio mundo. Isso não era bom para mim e nem para os meus clientes.

- Mas você trabalha para a União, não? Você devia ter pedido a abertura de uma auditoria na instância de relações extra-exteriores e aguardado a posi..

- Se eu tivesse feito isso, nós estaríamos no meu velório, e não no dele.

- Nós? Ou só eu?

- Você me entendeu.

Até chegarmos em casa, Anja não falou mais nenhuma palavra. Ela sempre me dava um gelo quando eu precisava “resolver” alguns negócios à moda antiga. Era uma idealista, como nossos amigos a classificavam, não suportava injustiças, guerras, corrupção ou violência, mas no final ela sempre fazia as pazes comigo. Como resistir à paixão que existia entre nós? Se bem que algo me dizia que dessa vez seria diferente. Afinal, matar o marido de alguém não é fácil de se perdoar, ou é?

***

Vocês ainda se lembram da pulga que eu comentei antes? Pois é, uma hora ela aparece. Infelizmente ela era do tamanho de um caranguejo tarmukiano. Pelo menos foi o que começou a parecer quando ouvi os “campos” das janelas serem desligados. Ótimo, pensei, estou pelado, tomando banho e desarmado, não existe maneira melhor de ser emboscado (para os emboscadores, pelo menos).

- Cassini? Miguel Cassini? – Ecoou uma voz grossa pelo banheiro, seguida por dois típicos agentes, com seus óculos escuros, sobretudos e pontos na orelha.

- Sim, eu apertaria a mão de vocês, mas no momento estou ocupado escondendo as minhas “partes”.

- O Onipresidente precisa falar com você, senhor, imediatamente.

- Claro, deixe apenas eu me vestir...

- Ele disse IMEDIATAMENTE!

- Mas eu ainda estou nu! Você não espera que...

Crás! Uma bela porrada na minha nuca, depois a escuridão. Malditos andróides e suas ordens literais.

***

- Boa noite, Cassini, como foi de viagem?

Agh! Luz, luz forte! O cheiro de ar ionizado... Droga, estou em uma nave! Droga!

- Onipresidente Ramirez? Vim assim que me informaram que queria falar comigo, literalmente.

- Sim, fiquei sabendo... Desculpe pelos andróides, última novidade em cérebros positrônicos cognitivos. Muito bom, mas cheio de falhas.

- Algumas.

- Bem, vamos acabar com as formalidades, ok? – A pulga! A pulga surgindo! – Pois bem, o setor do anel externo acaba de informar que uma frota desconhecida de espaçonaves de tamanho abissal está a caminho do sistema de Alfa do Centauro, e adivinha qual o suposto destino?

- Ahn... Não tenho idéia, senhor – Por favor, não o cinturão de asteróides, não o cinturão de asteróides, não o cinturão de asteróides, não o cinturão de asteróides...

- O cinturão de asteróides – Droga! - Muito interessante, não?

- Alguma ligação com Aduuhr, senhor?

- Ainda não sabemos, oficialmente Aduuhr se mostra tão surpreso como nós.

- Imagino que a União não me trouxe aqui só para me informar da situação, não?

- Claro que não! Você é o nosso melhor negociador, um diplomata, por assim dizer. Quero que você bata na porta desses desconhecidos e descubra o que eles querem aqui.

- Eu, senhor? Uma operação dessas não devia ser comandada por militares?

- Se você quiser, posso te colocar na lista de convocados para a força da União.

5 comentários:

Takren disse...

Postei.
O Lasak tava demorando pra revisar, então mandei assim mesmo. Qqr erro de português é dele, não meu. :))

Anônimo disse...

Ficou bom o fianl :)

André Lasak disse...

Tou demorando pra postar... mas postarei!

André Lasak disse...

Tudo revisado! O seu e o do Fabio.

Fabio Ciccone disse...

Hahahahaha

Muito divertido isso :D